segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Já estamos em Paris para o reveillon 2013, mas antes de enviar notícias da cidade luz, vou fazer um apanhado dos últimos dias no sudoeste francês. Antes de tudo, devo agradecer a acolhida maravilhosa que tivemos no hotel "Le Pavillon Saint-Martin" pelos seus proprietários, Eric e Veronique, cuja devoção aos hospédes beira a religiosidade, aliás, metáfora bem empregada, pois o lugar onde se situa o charmoso hotel se ergueu, no século XII, uma abadia que irá originar a cidade. 






Souillac é uma pequena cidade às margens do rio Dordogna, com plantações de nozes e criações de patos, ovelhas, vacas e cabras para a produção dos mais saborosos produtos "fermier" (da fazenda). Podemos pecorrer as margens do rio através de estradas que o acompanham, a pé, de carro ou bicicleta. Como estamos no inverno, preferimos fazê-lo de carro, parando nos inúmeros mirantes disponíveis. Seguem algumas fotos:

 
 
 
 
 
No caminho entre Souillac e Sarlat, à beira do Dordongna, há um encantador restaurante, o "La Gabarre". Tentamos a todo custo almoçarmos ou jantarmos nele, mas estava sempre cheio. Além das excelentes referências quanto a qualidade, o restaurante possui uma excelente vista do rio. A propósito, "gabarre" significa, no grego bizantino, uma antiga embarcação de transporte de mercadorias. Vale lembrar que o Rio Dordogna foi muito importante, na baixa idade média, no transporte de mercadorias do interior da França até os portos atlânticos.



Na sexta-feira, em frente ao hotel, uma feira maravilhosa cumprindo uma tradição medieval! Produtos "fermier" são vendidos pelos seus produtores: foie gras, pães de boulangers artisans, cogumelos diversos, confitures, conservas de pato, porco, ganso, mas também frutos do mar de várias regiões do planeta (viva a globalização) como os camarões gigantes que aparecem na foto.

 
 
 
 

Em nossa última noite, fomos recomendados pelo simpático casal Verônique e Eric, ao restaurante "Le Petit Relais", que fica numa cidadezinha próxima (12 km) chamada Calès. Imperdível o supremo de "Pigeonneaux" (pombo) com foie gras e frutas secas, assim como o fantástico queijo de rocamadour ao final. O vinho... Fizemos uma agradável descoberta do vinho de Cahors através de um "chateau les rigalets - 2005", um millesime da uva malbec e, que me perdoem os argentinos, encontrou por essas bandas um terroir magnifíco, produzindo vinhos como o les rigalets, de grande complexidade e bem superior aqueles elaborados pelos nuestros hermanos.

 
 
 
 
No ano que vem, voltaremos contando nossa aventura no sudoeste, após atolarmos e escorregarmos numa ribanceira com nosso Peugeot! e com notícias do reveillon parisiense!

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Vou falar de nossa incrível viagem de ontem, à Cahors, passando por pequenas vilas e criações de ovelhas.
Deixamos a A20 - sul e seguimos na direção de Fontaune-du Causse, Durbans e Livernons, cidades que ficam dentro do Parque Natural Regional dos Causses de Quercy (ver link www.parc-causses-du-quercy.fr). Em Livernon tomamos a D653-sul até a D40 em direção à Blers.
Essa rota, o que tem de bela tem de perigosa. Uma estrada tortuosa e estreita, usada por habitantes locais que não costumam respeitar os limites de velocidade e, literalmente, fazem roleta russa nas curvas. Tomamos muitos sustos. A paisagem, nesta última rota, no entanto, vale a pena: são muitas grutas e a estrada vai seguindo um lindo afluente do rio Lot. Antes de St Cirq du Lapopie, a interessante visão da vila de Cabrerets, com suas casas incrustradas na rocha calcárea.
Logo após, chegamos a St. Cirq du Lapoie, uma vila cuja fundação se perde no medievo. Destaque para uma importante edificação militar fundamental para a defesa de uma vila estrategicamente localizada, quando o comércio medieval é retomado por volta do século XIII, e que vai ganhando importância, na medida em que se avança na direção do final do período feudal, com a aglutinação de feudos em potestades maiores, até atingir-se o Estado absolutista. St. Cirq du Lapopie é um desses últimos centros de poder locais. A vila conta com ótimos restaurantes e pousadas. Almoçamos no Sarl Auberge du Sombral "Les Bonnes Choses" (www.lesombral.com) e comemos um gicot d'agneau (pernil de cordeiro) acompanhado de legumes e batatas cozidas com um incrível perfume de ervas. A sobremesa, sorvete de nozes, uma especialidade local. A tarde fomos degustar os vinhos de Cahors no Museu do Vinho local (www.lemuseeduvin.com). A simpática Émillie nos ofereceu, além dos vinhos elegantes à base da uva malbec, explicações sobre o terroir local. O vinho de Cahors (vin noir) exige uma postagem própria, o que faremos ao longo de nossa viagem! Não posso esquecer, ainda propiciado pela Émillie, a degustação de azeites locais, combinados com trufas e cogumelos, deliciosos para o acompanhamento de saladas verde e peixes! Ah!! já ia esquecendo, St. Cirq du Lapopie foi uma das últimas moradias de André Breton, um dos ícones do movimento surrealista. Ele foi numa visita e ficou 10 anos!! cunhou a frase: J'ai cessé de me désirer ailleurs!!

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Continuando nossa exploração do sudoeste francês, visitamos Gramat, passando por Rocamadour e, voltando à nossa base em Souilac, demos uma entradinha em Loubressac, charmosa vila medieval no topo de uma montanha.
No caminho, uma paradinha numa fazenda de criação de cabras integrada a uma fromagérie (foto acima) com queijos de fabricação própria. Degustamos o "Tomme" de sabor menos acentuado e um outro, de leite de cabra cru, de sabor acentuado e cheiro forte, típico de Rocmadour.
Em Gramat, almoçamos no Lion D'or. Destaque para a simpatia da Odille, a proprietária do hotel/restaurante e a deliciosa sobremesa, uma sinfonia em torno da clementine (tangerina). Um gateau, um mousse e um sorvete da divina fruta.
Após o almoço, visitamos um monumento da região, o castelo de Montal, obra de Jeanne Balzac, construído no início do século XVI, em estilo renascentista em sua primeira fase (fotos abaixo)
Destaque para uma escultura de cervo sobre a lareira da sala d'honneur, símbolo da prudência, para a escada em caracol e para os vitrais de origem alemã. Ando particularmente interessado em meus estudos europeus, sobre essa primeira fase resnascentista, em função do que pretendo empreender em busca das origens da idéia moderna de liberdade e sua consolidação no direito moderno. Hoje vamos visitar Cahors, a principal cidade da região de Lot, amanhã teremos mais novidades!

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Viajando pelo sudoeste francês

olá pessoal, estamos começando nossa viagem por uma das mais belas regiões francesas, midi-pyrénées, a partir de Souilac, uma cidadezinha medieval as Margens do Rio Dordogne.